Possui graduação em Química-Licenciatura pelo Departamento de Química da Universidade Estadual de Maringá – UEM – (1998); doutorado em Química pelo Instituto de Química de Araraquara, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP – (2003), com estágio supervisionado (Doutorado Sanduíche) na Division of Environmental Health and Risk Management, School of Geography, The University of Birmingham, em Birmingham, Reino Unido e Pós-Doutorado em Energia e Ambiente pela Universidade Federal da Bahia – UFBA – (2006). Atualmente é membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências para o quinquênio 2011-2015, Professor Adjunto II do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – nível 2. Tem experiência na área de Química, com ênfase em Análise de Traços e Química Ambiental, Química Atmosférica e também em Química de Alimentos, atuando principalmente nos seguintes temas: química analítica ambiental, atmosfera, química de alimentos, biodiesel, compostos orgânicos voláteis e determinação de substâncias orgânicas e inorgânicas em diferentes matrizes.
1. Qual foi sua inspiração para atuar na área de química ambiental (atmosférica)?
Eu sempre quis saber e entender como tudo funciona e sempre gostei muito de tudo que fosse relacionado ao meio ambiente. Na verdade, não sei precisar como tudo se deu, eu somente vejo que a minha atuação na área de química ambiental aconteceu naturalmente, desde o início da graduação, trabalhando como voluntária em um laboratório de pesquisa e depois como bolsista de iniciação científica; em seguida toda a minha pós-graduação e atuação profissional.
2. Como você vê a evolução da química ambiental (atmosférica), mas especialmente no Nordeste e Bahia?
A química atmosférica é um tema que vem ganhando muito destaque recentemente, apesar de haver poucos grupos de pesquisa que trabalham nessa área no Brasil. É uma área promissora e em expansão. No Nordeste a tendência é similar ao restante do país. Há alguns grupos de tradição nesta área na Bahia que vem produzindo resultados importantes em química atmosférica. Esses grupos são competitivos e que não deixam a desejar em termos de trabalhos científicos e produção de artigos se comparados com outros grandes centros de pesquisa do Brasil e de outros lugares do mundo. Mas o caminho a ser trilhado na busca por excelência é longo e árduo. E eu espero conseguir contribuir para a expansão da área de química atmosférica no Nordeste e no Brasil.
3. O que você considera a sua melhor contribuição científica e por quê?
De todos os estudos que fiz, eu tenho especial carinho por um publicado na Environmental Science & Technology em 2005. Esse estudo foi desenvolvido durante o meu doutorado e trata-se da caracterização de um grupo de substâncias que são marcadores de mudanças climáticas (em nível global) e de diferentes emissores (em nível regional ou local) que são os íons majoritários (como, por exemplo, sulfato, nitrato, cloreto, acetato e formiato, dentre outros) distribuídos de acordo com o tamanho de partículas na atmosfera. O detalhe é que nesse tipo de estudo há dois aspectos importantes, o ambiental e o de efeito na saúde humana. Ambiental porque esses traçadores propiciam um melhor entendimento dos processos atmosféricos que estes sofrem e o de efeito na saúde humana, pois quanto menor é a partícula presente na atmosfera, esta estará apta a alcançar regiões mais profundas do sistema respiratório durante a respiração, o que pode vir a contribuir para o aparecimento e/ou agravamento de problemas respiratórios.
4. Qual a sua participação no Projeto Multisdisciplinar da BTS? Em seu ponto de vista, qual a importância deste projeto a longo prazo?
No Projeto Multidisciplinar da BTS minha contribuição vem sendo em relação ao estudo de substâncias orgânicas (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias nitradas, ácidos orgânicos, dentre outros) e inorgânicas (íons majoritários, metais, etc) presentes no material particulado atmosférico do entorno da Baía de Todos os Santos. A proposta deste estudo é tentar avaliar quanto desses compostos são emitidos para a atmosfera e o quanto são removidos desse compartimento, sendo então depositados na superfície terrestre, em diferentes corpos d’água e solo, por exemplo.
No meu ponto de vista, o projeto é importante pois estuda de forma multidisciplinar e integrada a Baía de Todos os Santos, sob diferentes aspectos: oceanográfico, biológico, das artes, social, humano, dentre outros. Um projeto como esse, dada a sua complexidade inerente e a difícil abordagem, necessita que seja a longo prazo para que se tornar possível o estudo e um melhor entendimento de pelo menos parte dos processos envolvidos nas mais diversas áreas de estudo.
5. O que você sugere aos jovens graduandos para buscar o sucesso em sua área de atuação?
A minha sugestão para conseguir sucesso na área de química ambiental / química atmosférica é a mesma para alcançar sucesso em qualquer outra área do conhecimento: dedicação, muito estudo e muito trabalho. E depois disso tudo, continue estudando. É necessário muita “transpiração” e um pouco de “inspiração”. E isso não é nada enfadonho ou penoso quando trabalha-se ou faz-se aquilo que se gosta.
6. Como você se sente após ter sido nomeada para a Academia Brasileira de Ciências? Qual o segredo do sucesso?
Eu sinceramente recebi com surpresa a minha indicação para a Academia Brasileira de Ciências. Eu não sabia que estava concorrendo, nós não somos informados do processo ou que fomos indicados, somente ficamos sabendo quando sai o resultado. Por isso, somente após a divulgação do resultado eu entendi um pouco do procedimento. A Academia Brasileira de Ciências escolhe todo ano jovens cientistas (menores de 40 anos) de todas as regiões do país para assumir o cargo de membro afiliado. Esse cargo tem a duração de cinco anos (sem recondução), e durante esse período teremos a oportunidade de participar dos eventos da ABC e tomar contato com pesquisadores já bem estabelecidos nas suas respectivas áreas. Eu fui um dos escolhidos para a Região Nordeste para os anos 2011-2015. Eu fiquei muito feliz por ter sido escolhida e vejo como uma ótima oportunidade e um grande incentivo para minha carreira de pesquisadora.
Eu não sei o que seria “o segredo do sucesso”. Eu posso falar que sou feliz porque trabalho com o que eu gosto, e volto a dizer o mesmo da pergunta anterior. Seja no que for que se trabalhe ou estude, se dedique, tenha comprometimento com aquilo que se faz, estude e trabalhe muito. E se divirta com o que está fazendo.
