Possui graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977), Mestrado em Oceanografia Biológica (1981) e Doutorado em Ciências (Oceanografia) pela Universidade de São Paulo (1984). É professor do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná desde 1981, ocupando atualmente o cargo de Professor Associado 2. Participou dos comitês de implantação e atuou como coordenador ou vice-coordenador dos cursos de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento (desde 1993), graduação em Oceanografia (desde 2000) e pós-graduação em Sistemas Costeiros e Oceânicos (desde 2006) da UFPR. Foi membro do Comitê Assessor CA-OC do CNPq em duas oportunidades. É pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Foi vice-coordenador do projeto Uso e Apropriação de Recursos Costeiros do Instituto do Milênio. Orientou ou co-orientou cerca de 50 mestres e doutores, além de 17 monografias de conclusão de curso. Suas áreas principais de atuação são ecologia bêntica, ecologia de manguezais e marismas, taxonomia, biologia e ecologia de anelídeos poliquetas, avaliação de impactos ambientais e gestão ambiental costeira.
1. Qual foi sua inspiração para atuar na área de biologia marinha?
Apesar de um marcado interesse pela história natural, desde criança, penso que poderia ter me interessado profissionalmente por várias outras áreas do conhecimento. Nesse sentido, tornar-me um biólogo marinho/oceanógrafo resultou de uma mistura de vocação, curiosidade e oportunidades.
2. O que você considera a sua melhor contribuição científica e por que?
Apesar de me considerar um pesquisador produtivo e atuante, minha melhor contribuição científica vem se dando na formação de dezenas de pessoas nos mais variados níveis, desde graduandos até doutores. Este é meu maior orgulho acadêmico.
3. Você acha que o número de taxonomistas estão diminuindo? Como você vê a perspectiva de trabalho para os estudantes interessados em atuar nesta área?
Não penso assim. Pelo contrário, o número de taxonomistas vem aumentando de forma global, embora nem todos os grupos de plantas, animais e microorganismos estejam satisfatoriamente atendidos ou cobertos. Este crescimento da capacidade taxonômica será certamente sustentável por muitas décadas, devido ao correspondente interesse pelo conhecimento da biodiversidade de nosso planeta e pelos bens e serviços que ela nos presta. Por outro lado, mudou bastante a natureza dos estudos taxonômicos. Nos últimos 20 anos, estudos de taxonomia descritiva clássica vem sendo gradativamente substituídos por abordagens mais modernas, que enfatizam a biologia evolutiva, a biologia molecular e a filogenia. Mudou também o próprio padrão de distribuição dos taxonomistas J Áreas geográficas de maior capacitação e excelência taxonômica têm se deslocado dos países com tradição científica para os países em desenvolvimento. As modernas abordagens taxonômicas tornaram a ser desafiadoras e intelectualmente gratificantes, atropelando a visão desta ciência como uma atividade estéril, ultrapassada e conservadora. Nesse sentido, as perspectivas de trabalho no futuro próximo podem ser excelentes, dependendo das áreas e dos grupos escolhidos.
4. O que você sugere aos jovens graduandos para buscar o sucesso em sua área de atuação?
Investir pesado na formação acadêmica, procurando manter-se antenados e atualizados com os avanços recentes da ciência como um todo e procurando identificar com segurança as principais lacunas do conhecimento. Procurar manter um espírito de permanente curiosidade e abertura a novas idéias e conceitos, não restringindo seus interesses pessoais e acadêmicos às suas áreas específicas de especialização. Procurar a originalidade a todo custo, não se contentando em replicar abordagens e procedimentos já aplicados por outros cientistas. Procurar ter uma visão crítica e socialmente bem fundamentada do que é fazer ciência. Procurar vivenciar outras realidades acadêmicas no país e no exterior, não se contentando com as facilidades oferecidas de forma mais imediata. Em síntese: procurar aprender o melhor, com as melhores pessoas, nos melhores lugares.
5. Visto sua experiência como pesquisador, como você vê a atividade científica no Brasil e o futuro da pesquisa na academia brasileira, especialmente, em sua área de atuação?
Ao contrário das visões pessimistas que continuam presentes em nossas universidades, sou completamente otimista em relação ao futuro J, com base nas minhas vivências pessoais (e coletivas!), ao longo dos últimos 30 anos. A quantidade e a qualidade da pesquisa na academia brasileira melhorou muito nestas últimas décadas. A produtividade científica brasileira vem crescendo de forma exponencial, como atestado por uma série de indicadores. Mais do que isto, a massa crítica de pesquisadores capacitados também aumentou extraordinariamente. Estas tendências me parecem irreversíveis. Estamos literalmente às vésperas de grandes mudanças, para melhor, daquilo que convencionalmente chamamos de “ciência brasileira”. Cabe agora à academia brasileira, mantendo padrões de excelência científica, contribuir de maneira mais decisiva para a melhoria do ensino fundamental e para uma melhor transferência do conhecimento para uma sociedade que permanece desigual e injusta.
